maio 27, 2012

PAREM DE ATERRAR NOSSOS IGARAPÉS: Tudo começou com Eduardo Ribeiro, no século XIX (1)

Enviado por em 10/05/2008
Mulato de origem humilde conseguiu chegar ao cargo de governador do Amazonas em 1890, e foi o idealizador de um teatro no meio da selva, o Teatro Amazonas. Apesar de ser uma figura política e histórica importante para o Amazonas, Eduardo Ribeiro ainda é pouco conhecido entre os moradores de Manaus, a capital do estado. O Sem Fronteiras Manaus apresentou um resumo da história política e da vida pessoal do maranhense Eduardo Gonçalves Ribeiro, por meio de fotos de época e de entrevista com o doutor em História, Otoni Mesquita, autor da tese "La Belle Vitrine", o mito do progresso na refundação da cidade de Manaus 1890 - 1900.
Imagens: Milton Paredes; Reportagem e edição: Rúbia Balbi.

PICICA: A série que ora inicia nasceu das críticas que este blogueiro recebeu de um cineasta amazonense pelas páginas do Feicebuque. Como não as encontro, tenho esperança de que ele as retome. Propus um debate que pudesse enriquecer os leitores, em que eu assumiria o papel de crítico de um dos personagens da nossa história - uma quase unanimidade fora da academia, posto que dentro dela 'o pau canta'. Em causa as enchentes e os projetos urbanísticos de ontem e de hoje. Mais exatamente, o de Eduardo Ribeiro e o de Eduardo Braga. Ambos detentores de prêmios internacionais. O primeiro, em seu 'delírio tropical', fez de Manaus, então uma vila, baseado em concepções urbanísticas eurocêntricas, a "Paris dos Trópicos", aterrando igarapés. O segundo, seguiu a tradição, criou o Prosamim (Programa de Saneamento dos Igarapés de Manaus), aterrando e reduzindo o leito dos igarapés, que viraram, com a expansão da cidade após instalação da Zona Franca de Manaus, esgotos a céu aberto. Dos anos 1970 para cá, como disse a artista plástica Rita Loureiro, em depoimento pessoal, a cidade passou a exalar cheiro de cocô. Não é mentira não! Começemos então por esse achado que encontrei na internet. Serve para nos situarmos sobre o primeiro personagem: Eduardo Ribeiro. Embora ele ponha em pauta questões contemporâneas - como o  racismo de que fora vítima o governador maranhense (sua foto oficial foi objeto de retoques caucasianos, assim como recentemente a Caixa Econômica Federal fez com Machado de Assis), bem como a eterna discussão sobre o lugar onde o personagem foi 'suicidado" -, passa batido os eventuais agravos sofridos pela cidade quando o referido governador fora responsável pelas obras que mudariam para sempre o perfil da vila. A intenção da repórter limitou-se ao óbvio: o advento da modernidade com o ciclo da borracha. Uma pena! O mito do progresso, tão bem explorado na bela tese do professor doutor Otoni Mesquita, não foi aproveitado na reportagem. Confira.

Um comentário:

Claudia disse...

Antes de tudo, caí via google no seu blog, e me perdi entre as postagens: muito bom!
Busco contatar a artista plástica Rita Loureiro para uma proposta de exposição. Se puder, repasse meu contato.
Obrigada!
claudia.nascimento@ufrr.br