Gato
Seco – Nos Telhados da Loucura & Biblioteca Pública Alceu Amoroso
Lima
Apresentam
IV
Prêmio “CARRANO” de Luta Antimanicomial e Direitos
Humanos
Imagem
do Prêmio
18 de
maio é o dia Nacional da Luta Antimanicomial e no dia 27 de maio completam-se
quatro anos da morte de um dos maiores militantes da Luta Antimanicomial:
Austregésilo Carrano Bueno, dramaturgo e escritor, que lutou até o fim de
sua vida pelo fim dos manicômios no Brasil. Carrano – como Nise de Silveira
- se destacou na Luta Antimanicomial. Eleito representante dos usuários em
congresso na cidade de Xerém-RJ, atuou muitos anos na Comissão Nacional de
Reforma Psiquiátrica do Ministério da Saúde, chegando a receber, em 2003, uma
homenagem das mãos do presidente da república Luís Inácio Lula da Silva, por seu
empenho e total envolvimento, na Reforma Psiquiátrica. Além das torturas e
sessões de eletrochoque sofridas nos tempos em que foi isolado do convívio
social e confinado “em chiqueiros psiquiátricos”, como dizia, Carrano
sofreu vários processos judiciais por sua militância, principalmente por parte
dos familiares dos médicos responsáveis pelos “tratamentos” recebidos nas
passagens pelos locais onde esteve internado, por quase três anos. Após o
confinamento escreveu o seu drama no livro “Canto dos Malditos” que originou o
filme “Bicho de sete cabeças”, de 2001, o primeiro longa-metragem dirigido por
Lais Bodanzky, que revelou o jovem ator Rodrigo Santoro e se tornou o filme mais
premiado do cinema brasileiro. A repercussão da obra no cinema e o livro
intensificaram uma revolucionária mudança na Reforma Psiquiátrica no Brasil.
Carrano nunca desistiu de seus ideais e sonhos por uma sociedade mais humana que
trata a todos sem diferenças, continuou militando até seus últimos dias no
Movimento da Luta antimanicomial, mesmo com a saúde debilitada e condições
financeiras precárias - morreu condenado a pagar 60 mil reais para os médicos do
qual foi “cobaia humana”, recebendo 21 eletrochoques e outras violências - sobre
isso ele falava: "Estou condenado a indenizar as famílias dos torturadores dos
quais fui vítima", mesmo nessas condições, no dia 18 de maio de 2008,
participou do Dia Nacional de Luta Antimanicomial, Belo Horizonte, vindo a
falecer nove dias depois.
O
Prêmio é um
movimento para que a sua voz não se cale e seu nome continue vivo não só no
Movimento de Luta Antimanicomial, como nos direitos da humanidade em geral,
criado em 2009, o Prêmio CARRANO de Luta
Antimanicomial e Direitos Humanos tem como objetivo dar continuidade a sua
luta por uma mudança nas condições de tratamento de pessoas em sofrimento
mental, fazendo valer a Lei nº 10.216/2001 da reforma Psiquiátrica no Brasil, da
qual Carrano foi um dos defensores e críticos. O troféu é entregue anualmente a
13 pessoas e instituições, que com sua arte, ações e atitudes contribuem com os
dois temas do prêmio, que manifestam e denunciam sua indignação com quaisquer
violações dos Direitos Humanos, especialmente no que se refere às pessoas nas
condições de sofrimento mental. Em 2009 criamos o coletivo Gato Seco – Nos telhados da Loucura,
que tem o papel da organização do Prêmio. O coletivo é formado por Edson Lima
coordenador do projeto O Autor na Praça, Erton Moraes escritor, compositor e
músico do Movimento TrokaosLixo, Lobão, integrante do Movimento 1daSul e Sarau
do Cooperifa, agitador e grande amigo de Carrano, o educador Adriano “Mogli”
Vieira, a escritora e produtora Paloma Kliss do projeto Literatura Nômade, a
psicóloga Patrícia Villas-Bôas, a poeta Tula Pilar, o músico e compositor Léo
Dumont e outros amigos de Carrano.
Trata-se de um grupo aberto a pessoas e instituições interessadas em participar
e colaborar com esta iniciativa.
A
entrega do IV Prêmio Carrano será no
dia 19 de maio, sábado, na semana do dia nacional de Luta Antimanicomial
(18/05), próximo à data de nascimento de Austregésilo Carrano Bueno: 15 de maio
de 1957. Os convidados para receber o prêmio este ano são: Ana Elisa Siqueira, Associação Capão
Cidadão, Beto de Jesus, Cia de Artes Balú, Carlos Giannazi, CRP-SP, Elke
Maravilha, Givanildo Manoel da Silva “Giva”, José Roberto Aguilar, Leci Brandão,
Mães de Maio, Marcos Garcia e Multirão Cultural da Quebrada. Além da entrega
do prêmio faremos uma homenagem ao escritor Lima Barreto com exibição de
documentário, leituras, apresentações musicais e performances com a participação
do músico e compositor Léo Dumont, o poeta e bailarino Ricardo Carneiro e Silva,
o artista plástico D’Ollynda e outros convidados. Estarão disponíveis os dois
últimos livros publicados por Carrano em parceria com o selo editorial O Autor
na Praça com textos de teatro: “Canto dos Malditos” e “O Sapatão e a Travesti”.
Veja mais informações sobre Carrano e os convidados
abaixo.
Vídeo
com o Senador Eduardo Suplicy sobre
o Prêmio em 2010: http://www.youtube.com/watch?v=XafXh0_Idlg.
Serviço:
IV
Prêmio Carrano de Luta Antimanicomial e Direitos
Humanos
Data:
dia 19 de maio de 2012, sábado, a partir das 19h – Entrada
Franca.
Local:
Auditório da Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima.
Av.
Henrique Schaumann, 777 (Esq. Rua Cardeal Arcoverde) - Pinheiros – SP – Tel.
3082 5023
Realização:
coletivo Gato Seco – Nos telhados da
Loucura
Apoio:
O Autor na Praça, Movimento Trokaoslixo, Fórum Paulista de Luta Antimanicomial,
Movimento Nacional de Luta Antimanicomial, Grupo Tortura Nunca Mais, AEUSP –
Associação dos Educadores da USP, CRP-SP Conselho Regional de Psicologia de São
Paulo, O Cantinho Português, Max Design, Enlace Média, Artver, Prefeitura do Município de São Paulo /
Departamento de Bibliotecas e outras entidades e instituições ligadas ao
tema.
Informações
sobre os premiados deste ano:
Ana Elisa
Siqueira - Educadora e
diretora da Revolucionária escola EMEF Amorim Lima no bairro do Butantã em São
Paulo. Uma Mulher lutadora incansável, Ana Elisa é assim, uma louca apaixonada
pela educação pública. Emociona-se todas as vezes que fala do projeto inspirado
na Escola da Ponte, desenvolvido na EMEF Desembargador Amorim Lima, localizada
na zona oeste de São Paulo: “Em primeiro lugar não foi eu quem trouxe, não é uma
coisa minha, foi uma conquista que a escola teve. Foi a comunidade - que inclui
os pais, os educadores e a equipe técnica. Foi um conjunto de pessoas que
conseguiu. A gente se inspirou na Escola da Ponte e a partir daí estamos
construindo uma educação para essa escola. Que tenha outra cara, outro jeito.
Uma educação que a gente acredita. Uma dessas crenças é pensar que as crianças
possam ser donas do seu processo de aprendizagem. Podem saber como aprendem.
Saber como a gente aprende é um passo na nossa própria autonomia. Quando a gente
aprende como a gente aprende, a gente aprende como a gente é. A gente aprende o
que a gente pode e o que a gente não pode. O que a gente é bom e o que a gente
não é. Onde a gente precisa de ajuda e onde não precisa. Então isso dá uma outra
consciência de si próprio. Eu penso que isso é fundamental e foi uma das coisas
que mais me encantou na Escola da Ponte. Outra coisa que me encantou
profundamente é o fato de ser Pública. Por exemplo: Todas as pessoas da Escola
da Ponte sabem o que vão aprender do primeiro ano até o último que estão lá.
Isso é de fato um trabalho cidadão”. Há mais de 20 anos na rede municipal de
ensino, a pedagoga e mãe (também quase filósofa), claro, rodeada de uma equipe
de pessoas especiais, exerce a profissão por uma escola pública, sem paredes, de
qualidade e cidadã, com muito compromisso e crença: “Eu acho que não dá para
fazer nada em educação se você não tiver fé!” Saiba mais aqui.
Associação Capão
Cidadão - No ano 2000,
iniciamos um movimento chamado: "Não a violência, Eu quero lazer!", com ações
cujo objetivo era combater a violência com atividades culturais e educativas,
essas ações aconteciam na comunidade do Capão Redondo, mais especificamente no
Parque Santo Dias, na zona sul da cidade de São Paulo. O movimento foi tomando
proporções maiores a cada ano, e mais e mais pessoas da comunidade foram se
beneficiando com esta nova proposta que envolvia a diversidade cultural e étnica
tão presente nesta região, Com a continuidade do movimento, percebemos que as
demandas da comunidade em relação às crianças e adolescentes, sobretudo, a falta
de espaços adequados de cultura e lazer e, eram muitas, e que as atividades para
este público deveriam ser mais sistemáticas, havendo a necessidade de se ter um
local fixo para este fim, nasceu assim, a Associação Capão Cidadão, atuando no
JardimValquíria, atendendo a comunidade com atividades culturais como dança,
teatro, música, educação e esporte. Atualmente, a organização atende uma média
de 226 crianças e adolescentes .
(www.capaocidadao.com.br).
Beto de Jesus
-
Formado em Filosofia e Teologia, com especialização em Educação. Sua
experiência profissional inclui atuação junto ao setor público e ao terceiro
setor, na execução de vários projetos para organismos nacionais e internacionais
na área de Educação, Prevenção das DST/HIV e fortalecimento institucional de
ONGs. Nas Nações Unidas acompanha as iniciativas do Conselho de Direitos
Humanos, no que se refere às questões afetivas a orientação sexual e identidade
e expressão de gênero. De 1993 a 2002 foi Coordenador de Projetos Educacionais e
Sociais para o Instituto Criança Cidadã (ICC). Atuou também como consultor
técnico do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde e
para a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do
Ministério da Educação. É Presidente para América Latina e Caribe da ILGA
– The International Lesbian, Gay, Bisexual, Trans and Intersex
Association. Pela Pact Brasil (2008-2010) foi coordenador do programa de
ampliação e expansão de serviços de prevenção do HIV e de aconselhamento &
testagem voluntária (ATV) junto a gays, homens que fazem sexo com homens (HSH).
Colaborou com a publicação "Gênero e Diversidade Sexual na Escola: reconhecer
diferenças e superar preconceitos", bem como na elaboração do tema transversal
"Gênero, Identidade de Gênero e Orientação Sexual" para os Parâmetros
Curriculares do Ensino Médio, para o Ministério de Educação. É co-autor do
livro: "Diversidade Sexual na Escola: uma metodologia de trabalho com
adolescentes e jovens". (www.epah.org.br).
Carlos Giannazzi
-
Deputado Estadual pelo PSOL. Sempre atuou na defesa do magistério, da educação
pública, gratuita e de qualidade, da cidadania ativa e crítica, do
fortalecimento dos movimentos sociais. Coordena as Frentes Parlamentares em
defesa da escola pública, dos músicos contra a OMB, contra os pedágios e da
diversidade sexual. É autor dos requerimentos de instalação das CPIs da
Educação, da Segurança Pública, do Judiciário e do DPME. Giannazi está
preparando um dossiê para ser entregue ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a
Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA),
pedindo uma profunda investigação nos atos da juíza da 6.a vara de S. J. dos
Campos, Márcia Faria M. Loureiro e da presidência do Tribunal de Justiça que
avalizou a decisão de retirar mais de 6000 moradores do bairro do Pinheirinho,
causando uma grande tragédia humanitária que afrontou e violou a dignidade da
pessoa humana e os direitos humanos elementares, inclusive de crianças, mulheres
grávidas e idosos. (www.carlosgiannazi.com.br).
Cia. de Artes Balú
-
Nasceu do Movimento Popular "Mão pra Bolo e Cia" em Carapicuíba no ano de 1999,
fruto desta organização e eventos socioculturais na periferia da cidade, a
companhia manteve o objetivo de disseminar as artes e levar cultura em locais de
pouco acesso para atingir público em situação de vulnerabilidade. Fundada pela
atriz circense Fabiana Mina a companhia integra artes cênicas, música, dança,
arte circense, artes visuais e artes plásticas na execução de seus eventos,
saraus, peças teatrais e intervenções artísticas, o trabalho tem como objetivo
principal levar arte, cultura e conhecimento especialmente para população de
baixa renda e jovens que se encontram em situação de vulnerabilidade, atuando
como agente transformador do caráter sócio-cultural do indivíduo na cidade de
Carapicuiba-SP e região. (http://www.ciadeartesbalu.org).
CRP-SP Conselho
Regional de Psicologia de São Paulo - instituição
criadora do Prêmio Artur Bispo do Rosário. (www.crpsp.org.br).
Elke Maravilha
-
Dra. Nise da Silveira, criadora do Museu de Imagens do Inconsciente, afirmava
que Elke é uma Sacerdotisa Dionisíaca, e que, como tal, ilumina caminhos e
aquece corações. Já na década de 1960 despontou como símbolo de transgressão e
liberação. Visionária como só os que assumem seu delírio, intuiu o movimento
holístico e vem exercendo-o tanto em suas relações pessoais como em sua
comunicação com o mundo. Elke Maravilha é uma obra de arte em constante
metamorfose e como artista vem trilhando o melhor dos caminhos da arte: Ela
apostou e aposta no sonho possível. Artista reconhecida da TV, cinema, teatro,
música e ativa militante das questões antimanicomiais e direitos
humanos.
Givanildo Manoel da
Silva - Giva, Militante do
Tribunal Popular, batalhador pelas questões carcerárias, indígenas e tantas
formas de injustiças sociais, como o caso da violência policial e do poder
público no “Pinheirinho” em 2012. Atua na Coordenação de Grupos, organização de
estrutura de entidades, trabalho com jovens, desenvolvimento de projetos,
formação de Conselheiros dos Direitos da Criança e do Adolescente, Tutelar,
Educadores e profissionais diversos que trabalham com criança e adolescente,
especialista em políticas publicas para criança e adolescente.
José Roberto
Aguilar – Artista
multimídia. Nasceu em São Paulo em 1941. Em 1958 já participava da vida cultural
brasileira através do movimento Kaos, manifestação vanguardista de Jorge
Mautner, que incluía sessões de poesia, literatura e performances. Em 1961,
realiza sua primeira exposição. Em 1963, é selecionado para a Bienal
Internacional de São Paulo. Em 1965, junto com outros artistas nacionais e
internacionais, entre eles Hélio Oiticica com os parangolés, participa da famosa
Mostra Opinião – 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1967, recebe
o Prêmio Itamaraty na Bienal de São Paulo.
Leci Brandão –
Nascida em
Madureira, criada em Vila Isabel e cidadã paulistana, Leci foi a primeira mulher
a fazer parte da ala de compositores da Mangueira. Em 1975 gravou o primeiro LP
e recebeu inúmeros prêmios de crítica. De lá até aqui foram 23 discos e várias
compilações em 37 anos de carreira. Durante cinco anos Leci ficou sem gravar por
não abrir mão de suas opiniões. As gravadoras não aceitavam suas canções
marcadas pela crítica social. Ela cantou a defesa das minorias, todas elas. Era
convidada para cantar em todos os eventos afinados com sindicalistas,
estudantes, índios, prostitutas, gays, partidos de esquerda, movimentos de
mulheres e principalmente o Movimento Negro. Foi membro do Conselho Nacional de
Promoção da Igualdade Racial e do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.
Entre 2002 e 2010 foi comentarista dos desfiles das Escolas de Samba do Rio de
Janeiro e de São Paulo pela TV Globo. Em 2010 foi eleita Deputada Estadual de
São Paulo pelo Partido Comunista do Brasil e se tornou a segunda mulher negra a
ocupar uma cadeira no parlamento paulista. Como parlamentar, continua fiel às
causas que sempre consideram importantes e pelas quais vêm se dedicando ao longo
da vida: igualdade racial, religiões de matrizes africanas, populações negras e
indígenas, juventude, mulheres, segmento LGBTT e cidadania. No carnaval de 2012
foi homenageada pela escola de samba Acadêmicos
do Tatuapé, de SP. (www.lecibrandao.com.br).
Mães de Maio
-
É uma rede de Mães, Familiares e Amigos de vítimas da violência do Estado
Brasileiro (principalmente da Polícia), formado aqui no estado de São Paulo a
partir dos famigerados Crimes de Maio de 2006. Foi a partir da Dor e do Luto
gerado pela perda de nossos filhos, familiares e amigos que nos encontramos, nos
reunimos e passamos a caminhar juntas. “Nossa missão é lutar pela Verdade, pela
Memória e por Justiça para todas as vítimas da violência contra a população
Pobre, Negra, Indígena e contra os Movimentos Sociais brasileiros, de Ontem e de
Hoje. Verdade e Justiça não apenas para os mortos e desaparecidos dos Crimes de
Maio de 2006 ou dos Crimes de Abril de 2010, mas para todas as vítimas do
massacre contínuo que o estado pratica historicamente no país. Nosso objetivo
maior é construir, na Prática e na Luta, uma sociedade realmente Justa e Livre.”
(www.maesdemaio.blogspot.com.br).
Marcos Garcia
-
Professor da UFSCar do campus Sorocaba, doutor em Psicologia Social e
pesquisador comprometido com a temática da exclusão social em suas várias
formas. Em 2011 desenvolveu uma pesquisa em conjunto com integrantes do FLAMAS (Fórum da Luta
Antimanicomial de Sorocaba) que mostrou que nos últimos 8 anos ocorreram 863
mortes nos manicômios da região de Sorocaba, maior pólo manicomial do Brasil,
muitas delas de pessoas jovens e por causas evitáveis ou mal-esclarecidas. As
fiscalizações e auditorias provocadas pela pesquisa mostraram um cenário de
inúmeras violações de direitos humanos no interior destes manicômios e
reascenderam o debate sobre a necessidade da reforma psiquiátrica antimanicomial
avançar por regiões que ainda funcionam sob a lógica da exclusão dos pacientes
do convívio social e sobre os riscos de se reproduzir o mesmo modelo de
encarceramento e violação de direitos humanos no cuidado com os usuários de
drogas. Dados sobre a pesquisa realizada e sobre a tentativa de intimidação dos
donos dos manicômios, que abriram um processo judicial contra o professor Marcos
por sua divulgação, podem ser vistos em www.liberdadepesquisa.blogspot.com.
Multirão Cultural
na Quebrada – No ano de 2006
inicia-se a pré-produção comunitária na Vila Menck, na cidade de Osasco-SP. Após
articulação da população no ano de 2009, surge este movimento, em parceria com
outros coletivos, criando uma rede com atividades diferenciadas. Em 2011 com
toda a rede articulada conseguiram desenvolver o maior evento cultural da
periferia do estado de São Paulo. Em 2012 com uma estrutura mais
profissionalizada atingiram um público recorde, pessoas de várias regiões de São
Paulo e outros estados. (mutiraoculturalnaquebrada.blogspot.com.br).
Já
receberam o Prêmio Carrano em anos anteriores: Allan da Rosa, Carlos Costa “Carlão”, Carlos Eduardo
Ferreira (Maicon), Casa do Saci,
Clara Charf, Dom
Paulo Evaristo Arns, Gegê, Grife
Dasdoida, Grupo Tortura Nunca Mais, José
Ibrahim, Laís Bodanzky, Luciano
Santos, Magrão (Amigo de Carrano), Marcos Abranches, Maria Amélia Teles
“Amélinha”, Paulo
Amarante,
Paulo César
Sampaio, Raquel Trindade, Revista
Ocas, Sebastião Nicomedes, Senador Eduardo Suplicy, Sonia
Rainho, Tia Dag (Casa do Zezinho), Toninho
Rodrigues, Xico Sá,
Z’África Brasil
Pequena
biografia de AUSTREGÉSILO CARRANO BUENO -
Curitibano, escritor, ator, dramaturgo. Autor de dois livros editados: “Canto dos Malditos”, que originou o
filme “Bicho de Sete Cabeças” e “Textos – Teatro – Seis peças para
Teatro”. O texto para teatro de sua autoria “SOS Mãe natureza”, premiado na ECO-92,
foi adaptado para livro infanto-juvenil, com titulo provisório: “SOS... Os Senhores Mesquinhos estão
devorando a Mãe Natureza” que não foi publicado ainda, embora Carrano tenha
batido a portas de algumas editoras. Em parceria com o selo O Autor na Praça,
publicou em 2007, dois livros de textos para Teatro: Canto
dos Malditos e
O
Sapatão e a Travesti, com
a renda da venda desses livros esperava publicar de forma independente uma
nova edição de “Cantos
dos Malditos” e
seu novo romance “Filhas da Noite”,
ainda não publicado.
Carrano
foi Ativista do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, Membro da Comissão
Intersetorial de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Representante dos Usuários
no Conselho Nacional de Reforma Psiquiátrica (Eleito no Encontro Nacional dos
Usuários e Familiares em Xerém, RJ), Defensor Ferrenho das Indenizações as
Vítimas do Holocausto Psiquiátrico Brasileiro. Homenageado pelo Ministério da
Saúde
O
livro “Canto dos Malditos” deu origem ao filme mais premiado da história da
cinematografia brasileira: “Bicho de Sete Cabeças”, dirigido por Laís Bodanzky,
recebeu 45 prêmios nacionais e 08 prêmios internacionais, ao todo são 53 prêmios
conquistados. O trabalho de Carrano foi reconhecido nacional e
internacionalmente, envolvendo a questão da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Como ele exigia e defendia: “Temos que ter uma nova visão e maneira de
tratarmos, sem preconceitos, respeitando seus direitos de cidadão, e aceitando o
diferente que se encontra em sofrimento mental. Um basta definitivo no
confinamento, sedação e experiências com cobaias humanas. Confinar não é tratar,
é Torturar, portanto, são crimes psiquiátricos que devem ser cobrado
responsabilidades e serem pagas indenizações as
Vítimas”.
“(...)
Ainda espero ser indenizado pelas torturas psiquiátricas sofridas, pela minha
condenação aos preconceitos sociais, danos físicos, emocionais, morais, danos na
minha formação profissional, danos financeiros, destruição de minha
adolescência. E esses meus direitos de cidadão serão cobrado até o fim dos meus
dias. Se não conseguir em vida, algum dos meus filhos ficará com essa
incumbência. Justiça plena e total é o que exijo, e mesmo depois de morto
continuarei a exigir. Não só para mim, exijo essas indenizações para todas as
vítimas do holocausto da psiquiatria brasileira, não desistirei por nada nem que
leve o resto da minha vida” (Texto de
Carrano no posfácio da última edição do livro Canto dos
Malditos).
Vejam
depoimentos do Carrano:
http://www.youtube.com/watch?v=22Ai29O1qIo&feature=related
Neste depoimento Carano faz a leitura de seu poema “Sequelas... e... Sequelas”
de abertura do livro “Canto dos Malditos”, que originou o filme “Bicho de sete
cabeças” (o texto do poema está ao final deste release).
SINOPSE do livro Canto dos Malditos - História real
do período que o autor passou confinado por três anos e meio em instituições
psiquiátricas do Paraná e Rio de Janeiro, dos 17 até 21 anos. Sofrendo torturas,
e as mazelas de um sistema manicomial brasileiro arcaico, confinador,
estigmatizante, e que chamam de “tratamento psiquiátrico”. Sobreviveu a 21
aplicações de Eletroconvulsoterapia; choques numa voltagem de 180 a 460 volts
aplicados nas temporas. O livro foi escrito não com a intenção de denegrir a
imagem de médico psiquiatra algum, e sim é um relato fiel a que são submetidos
os pacientes psiquiátricos dentro dos manicômios.
Homenageado
pelo Presidente da República Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, no
dia 28 de maio de 2003, pelo seu empenho na Reforma Psiquiátrica, que está sendo
construída em todo o Brasil; Porém, todo esse empenho e reconhecimento, têm-lhe
cobrado um grande preço, na sua terra natal. Em Curitiba, um Lobby de
Psiquiatras, contrários às ideologias de Carrano, e do Movimento Nacional da
Luta Antimanicomial, são eles, opositores ferrenhos a Reforma Psiquiátrica no
Brasil. Esses Empresários da Loucura, donos e associados dos hospitais
psiquiátricos, fizeram perseguições indecentes, constantes e aviltantes, lançou
a 1ª edição do livro em 1990, pela Scientia et Labor, Editora da Universidade
Federal do Paraná. Dias após o
lançamento, o livro foi retirado das livrarias a mando desse Lobby de
Psiquiatras. Só voltando a ser publicado em 1991, pela Editora Lemos, de São
Paulo, Carrano comprava a edição e a vendia em seminários, palestras, feiras
culturais, entre elas uma em um Shopping da cidade, por onde chegou as mãos da
diretora do filme Laís Bodanszky. Chegou a publicar e bancar sete edições do
livro sem ser vendido em livrarias.
Em 13
de maio de 1998, Carrano entrou com a “1ª Ação Indenizatória” por erro, tortura e crime psiquiátrico no
histórico forense brasileiro. Até sua morte em maio 2008, uma de suas
rotinas foi responder a processos jurídicos de todos os tipos, até um processo
que exige que ele se calasse, proibindo-o de falar de sua experiência dentro dos
chiqueiros psiquiátricos que foi torturado. As Perseguições judiciais que
recebia, eram repudiadas pela sociedade brasileira, causando indignação em ongs
nacionais e internacionais de Direitos Humanos. O livro “Canto dos Malditos” foi
cassado, retirado novamente das livrarias e proibido em todo o território
nacional, em abril de 2002. Da primeira Ação Indenizatória por erro, tortura e
crime psiquiátrico no Brasil, de vítima virou réu, em maio de 1999 foi condenado
a pagar R$ 60.000.00 aos donos dos “Chiqueiros Psiquiátricos” do qual foi
vítima. Entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal em Brasília. Em novembro
de 2003 foi condenado novamente a pagar mais R$ 12.000.00 em vinte e quatro
horas, por citar os nomes dos hospícios e dos médicos na imprensa, por estas
citações chegou a receber ameaças de morte. Na sentença desse processo seu
direito de livre expressão foi cassado, foi proibido de falar o nome de seus
torturadores em público, com uma multa de R$ 50.000.00 a cada desobediência
jurídica. Julgado pelo Judiciário
Paranaense, de Vítima da Tortura Psiquiátrica se tornou Réu por denunciar,
exigir mudanças radicais, indenizações, cobrança de responsabilidades dos
profissionais dessa falsa psiquiatria que confina, droga e mata pessoas em suas
casas de extermínios, os “chiqueiros psiquiátricos” brasileiros. Pagou o preço
por enfrentar essa Máfia do Inconsciente, donos exclusivos e ditadores do “Saber
Psiquiátrico!”.
Tentaram
o calar a todo custo. Foi
sem dúvidas um artista, revolucionário, guerreiro da Luta Antimanicomial e dos
Direitos Humanos e um dos mais batalhadores por estas causa no Brasil.
Conseguiu, bancando sozinho o trabalho de seu advogado na liberação do seu livro
“Canto dos Malditos”, depois de dois anos e meio cassado e retirado de todas as
livrarias brasileiras, não contou com nenhum apoio da editora da época. “Canto
dos Malditos” foi dos poucos livros proibidos depois do fim da Ditadura
Militar. Voltou às livrarias em
setembro de 2004, com um posfácio mais picante, denunciando os crimes
psiquiátricos e também as fortunas psiquiátricas ilícitas. Cobrando, exigindo
“Indenizações” imediatas às Vítimas do Holocausto Psiquiátrico Brasileiro... “A
Luta pelos Direitos Sociais de nós ‘Vítimas Psiquiátricas’, está apenas
começando, agora que a cobra vai fumar!” dizia Carrano.
Sequelas... e ...
Sequelas
Seqüelas
não acabam com o tempo. Amenizam. Quando passam em minha mente as horas de
espera, sinceramente, tenho dó de mim. Nó na garganta, choro estagnado, revolta
acompanhada de longo suspiro.
Ainda
hoje, anos depois, a espera é por demais agonizante. Horas, minutos, segundos
são eternidade martirizantes. Não começam hoje, adormeceram há muito tempo, a
muito custo... comigo. Esta espera, Oh Deus! É como nunca pagar o pecado
original. É ser condenado a morte várias vezes.
Quem
disse que só se morre uma vez?
Sentidos
se misturam, batidas cardíacas invadem a audição. Aspirada à respiração não é...
É introchada. Os nervos já não tremem... dão solavancos. A espera está acabando.
Ouço barulho de rodinhas. A todo custo, quero entrar na parede. Esconder-me,
fazer parte do cimento do quarto. Olhos na abertura da porta... rodam a
fechadura. Já não sei quem e o que sou. Acuado, tento fuga alucinante. Agarrado,
imobilizado... Escuto parte de meu gemido.
Quem
disse que só se morre uma vez?
(Austregésilo
Carrano Bueno – Poema das quatro horas de espera para ser eletrocutado –
aplicação da eletroconvulsoterapia). Veja vídeo do Carrano declamando o
poema:
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