fevereiro 12, 2009

Ex-líderes da A. Latina contestam política dos EUA contra drogas

Foto publicada em Mídia Independente

Ex-líderes da A. Latina contestam política dos EUA contra drogas

Da Reuters

Por Stuart Grudgings

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A guerra contra as drogas está sendo perdida, e o governo dos Estados Unidos deveria romper com políticas "proibicionistas", que lotam prisões e alimentam a violência, disseram na quarta-feira três ex-presidentes latino-americanos, entre eles o brasileiro Fernando Henrique Cardoso.

Os integrantes da chamada Comissão Latino-Americana para as Drogas e a Democracia buscam alterar o debate sobre o tema na região, e pediram aos Estados Unidos e aos governos locais que deixem de prender usuários de drogas e passem a debater a legalização da maconha e o tratamento dos dependentes.

O colombiano César Gaviria disse não haver um debate significativo sobre a política antidrogas nos EUA, apesar do consenso em Washington de que as atuais políticas fracassaram.

"O problema hoje nos EUA é que o narcotráfico é um crime, e então qualquer político fica temeroso de falar em narcotráfico e falar em políticas, porque serão chamados de brandos", afirmou.

Além de Gaviria e FHC, a liderança da comissão é formada também pelo mexicano Ernesto Zedillo.

Em março, a ONU promoverá um evento de dois dias em Viena para direcionar a política internacional antidrogas nos próximos dez anos.
Gaviria disse que a queda do preço da cocaína nos EUA e o alto nível de consumo são provas do fracasso norte-americano.

A América Latina inteira se ressente da violência provocada pelas drogas -- seja por causa da guerrilha Farc, financiada pelo tráfico, da guerra entre traficantes no México ou da violência nos morros cariocas.

Enquanto os integrantes da comissão se reuniram no Rio, na quarta-feira, a polícia prendia 51 pessoas numa grande operação em vários Estados contra uma suposta rede que exportava cocaína para a Europa e importava drogas sintéticas.

A comissão divulgou na quarta-feira um relatório pedindo aos governos que redirecionem suas políticas antidrogas no sentido de tratar os usuários, que se empenhem em legalizar a maconha e invistam mais em campanhas educativas.

O texto diz que as atuais políticas se baseiam em "preconceitos, medos e visões ideológicas" que inibem o debate.

FHC disse que a liderança dos EUA é essencial para romper um ciclo de criminalidade e violência ligadas às drogas, que em alguns países chega a ameaçar a democracia. No México, por exemplo, os confrontos entre traficantes e destes com a polícia mataram cerca de 5.700 pessoas no ano passado.

"Será quase impossível resolver os problemas do México e os problemas de outros países sem um conjunto mais amplo e abrangente de políticas por parte do governo dos EUA", disse ele.

Durante sua campanha eleitoral, o novo presidente dos EUA, Barack Obama, pouco abordou a questão das drogas, e há poucas indicações de que ele fará reformas profundas.

Gaviria disse que os EUA parecem cada vez mais isolados em sua abordagem repressiva, enquanto América Latina e Europa começam a tratar a questão como um tema de saúde pública, e não de polícia.

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Drogas e Democracia: Rumo a uma Mudança de Paradigma

As políticas proibicionistas baseadas na repressão à produção e distribuição, bem como na criminalização do consumo, não produziram os resultados esperados. Estamos mais longe que nunca do objetivo de erradicação das drogas.

A violência e o crime organizado associados ao tráfico de drogas ilícitas constituem um dos problemas mais graves da América Latina. Frente a uma situação que se deteriora a cada dia, com altíssimos custos humanos e sociais, é imperativo retificar a estratégia de “guerra contra as drogas” aplicada nos últimos trinta anos na região.

Maiores detalhes leiam no site: http://drogasedemocracia.org/

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