dezembro 07, 2015

Dez filmes para quem não tem preguiça de pensar- parte 2. Por Sílvia Marques (OBVIOUS)

PICICA: "O grande objetivo mesmo de um filme inteligente é nos enredar em uma teia crítica e nos fazer desconstruir o que para nós era tranquilo e certo. Ok. Concordo. É incômodo. Mas pode ser muito prazeroso também quando você entrar no clima dos filmes profundos e perceber que o exercício da inteligência pode ser muito inebriante." 


Dez filmes para quem não tem preguiça de pensar- parte 2


O grande objetivo mesmo de um filme inteligente é nos enredar em uma teia crítica e nos fazer desconstruir o que para nós era tranquilo e certo. Ok. Concordo. É incômodo. Mas pode ser muito prazeroso também quando você entrar no clima dos filmes profundos e perceber que o exercício da inteligência pode ser muito inebriante.


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Cena do filme Beleza americana 

Vamos à segunda parte da lista de filmes instigantes? Como comentei no post anterior, na parte 1 da lista de filmes para quem não tem preguiça de pensar, nem sempre eles são fáceis de assistir. Nem sempre eles nos deixam confortáveis. O grande objetivo mesmo de um filme inteligente é nos enredar em uma teia crítica e nos fazer desconstruir o que para nós era tranquilo e certo. Ok. Concordo. É incômodo. Mas pode ser muito prazeroso também quando você entrar no clima dos filmes profundos e perceber que o exercício da inteligência pode ser muito inebriante. Mais uma vez, reitero que a lista não segue nenhum critério hierárquico. 

1. Beleza americana, de Sam Mendes

Feroz crítica ao American Way of life, em que nada é o que aparenta ser. Um retrato cruel de uma sociedade pautada pelo consumismo, pelo jogo de aparências, pela falácia do sucesso material como felicidade e principalmente pela hipocrisia dos grupos sociais e das pessoas que se colocam como detentoras do certo e do errado, espancando seus próprios desejos por meio das pessoas que têm coragem de viver suas vidas livremente. 

2. Círculo, de Aaron Hann e Mario Miscione 

Intrigante e niilista filme sobre o caos da vida e o ridículo de tentarmos controlar o incontrolável. Num estilo teatral, Círculo, mostra como julgamos as pessoas e criamos hierarquias entre as vidas humanas , pautados em nossos preconceitos e necessidade de valorar e condenar.

3. Violência gratuita, de Michael Haneke

Este filme apresenta duas versões: uma europeia e outra americana, ambas dirigidas pelo austríaco Michael Haneke. Mal interpretado pela crítica, esta obra foi considerada uma apologia à violência. Porém, o diretor do premiado "Amor" , joga em nossa cara o nosso gosto bizarro pela violência gratuita, realizando um contundente trabalho metalinguístico.

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À esquerda, versão europeia de Violência Gratuita. À direita, versão americana.

4. Clube da luta, de David Fincher

Outro filme mal interpretado pelo olhar raso de uma sociedade acostumada a entender o cinema como uma linguagem denotativa. Clube da luta é um contundente retrato da sociedade de consumo, em que não possuímos os objetos que compramos e sim são os objetos que nos possuem. Uma sociedade em que a perda se faz necessária para ativar a sensibilidade e receber algum sentido para a vida. 

5. Deus da carnificina, de Roman Polanski

Baseado em uma peça teatral, Deus da carnificina é uma cítrica e sarcástica crítica em relação aos caos da vida e a inutilidade de nos tornarmos pessoas melhores e mais pacíficas por meio da arte e das regras sociais. Estamos condenados à barbárie. 

6. Bastardos inglórios, de Tarantino

Uma releitura hipotética da Segunda Guerra Mundial, em que somos conduzidos sem pudores ao nosso mais visceral desejo de vingança. Tarantino joga na nossa cara o nosso lado B sem nenhum tipo de constrangimento, além de fazer uma leitura cáustica e realista da cultura americana, com seus simulacros e precário otimismo. 

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Cena do filme Deus da carnificina 

7. A ilha do medo, de Martin Scorsese
Cruel metáfora da caça às bruxas nos Estados Unidos, durante o Marcathismo. Um filme intrigante que reitera a teoria de que muitas vezes o nosso pior inimigo está dentro de nós.

8. Mamãe faz cem anos, de Carlos Saura

Alegoria da Espanha após o fim do Franquismo, em que forças repressoras ainda tentam se manifestar sem sucesso. O filme é uma continuação mais leve de Ana e os lobos, filme rodado durante a ditadura de Franco na Espanha. 

9. Esse obscuro objeto do desejo, de Luis Buñuel

Filme pós-franquista, em que a situação política da Espanha é comparada com um turbulento romance entre um rico homem de meia idade e uma ambígua e sedutora jovem imigrante. 

10. Laranja mecânica, de Stanley Kubrick

Um filme bastante polêmico em seu tempo, Laranja mecânica ainda tem muito a nos dizer sobre a violência e os mecanismos sociais para contê-la, tão cruéis quanto a própria violência. 

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Cena do filme Laranja mecânica

Animados para a parte 3?

Sílvia Marques

Paulistana, escritora, idealista, bacharel em Cinema, cinéfila, professora universitária com alma de aluna, doutora em Comunicação e Semiótica, autodidata na vida, filósofa de botequim, amante das artes , da boa mesa, dos vinhos, de papos loucos e ideias inusitadas. Serei uma atleta no dia em que levantamento de xícara de café se tornar modalidade esportiva. Sim, eu acredito realmente que um filme possa mudar a sua vida! Autora do blog Garota desbocada. Este mês lança pela Cia do Ebook o romance O corpo nu..

Fonte: OBVIOUS

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