PICICA: "O cenário político para 2016, segundo ano do segundo mandato da presidente Dilma, “será dominado por pelo menos três embates interligados: o processo de impeachment, os desdobramentos da crise econômica e a chegada em Brasília da Lava Jato”, calcula Giuseppe Cocco na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Line por e-mail.
Depois de se encerrar o ano de 2015 com
“taxas oficiais de 10,70% de inflação e uma recessão de 3,7%”, este ano,
tanto para a política quanto para a economia e para a resolução ou
ampliação de questões sociais, “será ainda pior” do que o anterior, por
conta de dois aspectos centrais: a enxurrada de aumento dos preços
administrados, como o gás, o transporte público e o combustível, e o
panorama de recessão que “corre para a depressão”, avalia.
Segundo Cocco, a troca do Ministro da Fazenda no final do ano passado também não apresenta uma mudança significativa e faz com que o Brasil inicie 2016 “sem nenhuma perspectiva definida”. “A gestão de Nelson Barbosa
não tem como inventar muita coisa, não há muitas margens de manobra.
Para avançar, podemos propor duas linhas de reflexão: (1) voltar sobre o
modelo predador implementado por Lula-Dilma (que
chamaremos do ‘modo Odebrecht de governar’) e (2) avançar algumas
hipóteses sobre a eventual inflexão no Ministério da Fazenda (que de
maneira alguma será uma guinada à esquerda)”, pontua.
Na entrevista a seguir, o cientista político comenta ainda as dificuldades que a presidente Dilma
e o governo enfrentarão tanto por conta da baixa popularidade, quanto
por causa da atual situação financeira dos estados e municípios, que
“estão literalmente quebrados, sem pagar serviços básicos, atrasando
vencimentos dos servidores, sem pagar fornecedores, sem capacidade
nenhuma de investimento, e com o sistema de saúde – que já era péssimo –
colapsado”. E acrescenta: “Para termos uma ideia das loucuras que foram
feitas desde 2011 é preciso fazer uma ginástica incrível: é desses dias
a notícia de que ficamos com R$ 214 bilhões de dívida por causa dos
empréstimos subsidiados do BNDES às empresas (184 bilhões irão para a dívida pública e 30 bilhões serão pagos pelo Tesouro). Depois há o capítulo incrível da ‘renúncia fiscal’, que passou de 3,68% do PIB
(em 2011) para 4,76% (em 2014). A crise dos municípios e dos estados
vem dessa política que esvaziou os fundos de participação dos estados e
dos munícipios”.
Giuseppe Cocco
é graduado em Ciência Política pela Université de Paris VIII e pela
Università degli Studi di Padova, é mestre em Ciência, Tecnologia e
Sociedade pelo Conservatoire National des Arts et Métiers e em História
Social pela Université de Paris I (Panthéon-Sorbonne), é doutor em
História Social pela Université de Paris I (Panthéon-Sorbonne).
Atualmente é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro
– UFRJ e editor das revistas Global Brasil, Lugar Comum e Multitudes.
Coordena a coleção A Política no Império (Civilização Brasileira)."
'Toda a representação está num impasse'. Entrevista especial com Giuseppe Cocco
“O governismo não acredita
na sociedade, mas somente no Estado e no capital (ou seja, nas
hibridizações dos dois). Nesse horizonte, ele deverá necessariamente
implementar as reformas que o ‘mercado’ quer”, afirma o cientista
político.
Imagem: migueldaoud |
Depois de se encerrar o ano de 2015 com
“taxas oficiais de 10,70% de inflação e uma recessão de 3,7%”, este ano,
tanto para a política quanto para a economia e para a resolução ou
ampliação de questões sociais, “será ainda pior” do que o anterior, por
conta de dois aspectos centrais: a enxurrada de aumento dos preços
administrados, como o gás, o transporte público e o combustível, e o
panorama de recessão que “corre para a depressão”, avalia.
Segundo Cocco, a troca do Ministro da Fazenda no final do ano passado também não apresenta uma mudança significativa e faz com que o Brasil inicie 2016 “sem nenhuma perspectiva definida”. “A gestão de Nelson Barbosa
não tem como inventar muita coisa, não há muitas margens de manobra.
Para avançar, podemos propor duas linhas de reflexão: (1) voltar sobre o
modelo predador implementado por Lula-Dilma (que
chamaremos do ‘modo Odebrecht de governar’) e (2) avançar algumas
hipóteses sobre a eventual inflexão no Ministério da Fazenda (que de
maneira alguma será uma guinada à esquerda)”, pontua.
Na entrevista a seguir, o cientista político comenta ainda as dificuldades que a presidente Dilma
e o governo enfrentarão tanto por conta da baixa popularidade, quanto
por causa da atual situação financeira dos estados e municípios, que
“estão literalmente quebrados, sem pagar serviços básicos, atrasando
vencimentos dos servidores, sem pagar fornecedores, sem capacidade
nenhuma de investimento, e com o sistema de saúde – que já era péssimo –
colapsado”. E acrescenta: “Para termos uma ideia das loucuras que foram
feitas desde 2011 é preciso fazer uma ginástica incrível: é desses dias
a notícia de que ficamos com R$ 214 bilhões de dívida por causa dos
empréstimos subsidiados do BNDES às empresas (184 bilhões irão para a dívida pública e 30 bilhões serão pagos pelo Tesouro). Depois há o capítulo incrível da ‘renúncia fiscal’, que passou de 3,68% do PIB
(em 2011) para 4,76% (em 2014). A crise dos municípios e dos estados
vem dessa política que esvaziou os fundos de participação dos estados e
dos munícipios”.
Giuseppe Cocco
é graduado em Ciência Política pela Université de Paris VIII e pela
Università degli Studi di Padova, é mestre em Ciência, Tecnologia e
Sociedade pelo Conservatoire National des Arts et Métiers e em História
Social pela Université de Paris I (Panthéon-Sorbonne), é doutor em
História Social pela Université de Paris I (Panthéon-Sorbonne).
Atualmente é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro
– UFRJ e editor das revistas Global Brasil, Lugar Comum e Multitudes.
Coordena a coleção A Política no Império (Civilização Brasileira).
Confira a entrevista.
Foto: Ricardo Machado / IHU |
Giuseppe Cocco – O que dizer? De maneira mais geral, o primeiro ano do segundo governo Dilma foi um desastre proporcional ao desastre que foi o primeiro mandato, e não poderia ser diferente: o governo e a coalizão, que provocaram o desastre, passaram por cima da maior mobilização social que o país conheceu (em junho de 2013) e, usando a força e o dinheiro do controle do aparelho estatal, se reelegeram mentindo para depois impor à população o remédio amargo (um ajuste fiscal violentíssimo) contra a doença que eles mesmos criaram. Como foi previsto, a política econômica conseguiu alcançar taxas oficiais de 10,70% de inflação e uma recessão de 3,7%. Passamos da estagflação de antes para a quase-depressão de hoje. Não sei se todo o mundo realiza o desastre num país como o Brasil, que lida com pobreza e extrema pobreza: quando o PIB encolhe, a dívida pública aumenta inercialmente, fazendo mais que encolher os investimentos sociais. Ou seja, tudo piora, a renda dos mais pobres piora, os serviços mais essenciais pioram e a dívida pública cresce, pedindo ainda mais cortes [1].
Lobbies pós-coloniais
Sem a mínima condição de enfrentar a crise política e moral, a popularidade de Dilma
ficou abaixo da taxa de inflação. Enquanto isso, os estados e os
municípios estão literalmente quebrados, sem pagar serviços básicos,
atrasando vencimentos dos servidores, sem pagar fornecedores, sem
capacidade nenhuma de investimento, e com o sistema de saúde – que já
era péssimo - colapsado. E isso por quê?
“Como foi previsto, a política econômica conseguiu alcançar taxas oficiais de 10,70% de inflação e uma recessão de 3,7%” |
Por ter enchido o bolso dos grandes
bancos e das grandes montadoras multinacionais e de um oligopólio
mafioso de empreiteiras oriundas da ditadura. Encheram o bolso das
grandes empresas sem cobrar nada e não deu em nada, a não ser na
modernização do tradicional coronelismo neocolonial numa oligarquia de
lobbies pós-coloniais. E tudo sem transparência nenhuma, ao ponto que
para termos uma ideia das loucuras que foram feitas desde 2011 é preciso
fazer uma ginástica incrível: é desses dias a notícia de que ficamos
com dívida de R$ 214 bilhões por causa dos empréstimos subsidiados do BNDES às empresas (184 bilhões irão para a dívida pública e 30 bilhões serão pagos pelo Tesouro). Depois há o capítulo incrível da “renúncia fiscal”, que passou de 3,68% do PIB
(em 2011) para 4,76% (em 2014). A crise dos municípios e dos estados
vem dessa política que esvaziou os fundos de participação dos estados e
dos municípios. Ao passo que os pobres que recebem o Bolsa Família devem mostrar contrapartidas (escola, vacina das crianças), Dilma foi uma mãe com as empresas e não cobrou nada. Pior, parte dessas isenções veio da Isenção da Contribuição Previdenciária,
criando o tal de “rombo da Previdência”, um “rombo” que nós todos
pagaremos, e uma reforma que a Dilma fará (se superar o processo de impeachment), ou o sucessor [2] . Até governistas incondicionais denunciavam – antes de junho de 2013 - essa política maluca de financiamento nacional ao capital multinacional. [3] É exatamente isso: o Estado contra a sociedade.
Depois de termos pagado para o país e as
grandes cidades estarem repletos de obras inúteis (megabarragens, novos
estádios, teleféricos etc.), agora pagamos para termos um enorme déficit primário
destinado a pagar juros e swaps cambiais: ou seja, ao passo que
serviços básicos – como saúde, educação e mobilidade urbana – estão sem
recursos, se continua subsidiando as grandes empresas: por exemplo, no
Rio de Janeiro, a SuperVia, controlada pela onipresente Odebrecht, acaba de receber do quebrado Estado do Rio de Janeiro
subsídio de R$ 39 milhões para pagar a conta de luz [4] . E 2016 será
ainda pior: já está anunciada uma nova enxurrada de aumentos dos preços
administrados (o gás, os transportes públicos) no meio de uma recessão
que corre para a depressão.
Falta de confiança e base social
Sem “confiança”, sem “base social”,
política monetária e política fiscal não resolvem nada mesmo, sequer do
ponto de vista do próprio “ajuste” (a saída do Levy
tem aqui uma primeira explicação). O lulismo perdeu suas bases e sua
dinâmica em junho-outubro de 2013. O desejo constituinte de junho (em
particular com as mais de 10 ocupações de Câmaras e Assembleias
Legislativas) foi destruído pelo governismo aliado à grande imprensa,
mas o conatus destituinte foi irreversível. O que ganhou nas eleições de outubro de 2014 não foi uma (impossível) essência de esquerda do PT-lulismo, mas apenas seu aparelho, poderoso, mas morto e – com ele – sua corrupção: corrupção da democracia, corrupção como exploração.
O governo Dilma não traiu os votos que recebeu, porque ele apenas continua sendo o que já era: como poderiam Lula e Dilma
guinar à esquerda se - diante de junho - apenas responderam pela
repressão (desde a mais rasteira desqualificação até a intervenção do
Exército e tribunais militares na Maré) e fomentando
“movimentos sociais” totalmente manipulados? Não havia nenhum mistério
e, do mesmo modo, não houve nenhum milagre.
A divisão interna à coalizão e à própria
chapa da reeleição amplifica a crise já duríssima na qual se encontra o
governo. Sem definição desse conflito (que nos mostra que é o Estado
que é o teatro da “guerra de todos contra todos”), nenhuma política econômica
conseguirá indicar uma saída do impasse, qualquer que seja, pois não
haverá o elemento básico disso: a confiança, a volta dos investimentos, a
mobilização do tecido de cooperação social.
“Depois de termos pagado para o país e as grandes cidades estarem repletos de obras inúteis, agora pagamos para termos um enorme déficit primário destinado a pagar juros e swaps cambiais” |
O governismo organiza dois grandes
argumentos: um técnico e o outro político. Tecnicamente, o processo
nasceria maculado pela abertura em interesse próprio por parte de Eduardo Cunha; politicamente, não haveria alternativas que não sejam ainda piores.
Ora, no plano técnico, poderíamos dizer que a crise política
é mesmo essa situação na qual se torna explícito que todo o sistema da
representação está funcionando em prol do interesse próprio e nesse
sentido como uma oligarquia: está tudo maculado, a começar pelo ajuste
que impuseram para cima dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, pois que
felizmente as instituições continuam funcionando, o processo não é
tecnicamente “maculado”: Cunha agiu institucionalmente, como Presidente da Câmara (do mesmo jeito que o STF agiu como STF). Aliás, o governismo entendeu perfeitamente e está tentando retomar a iniciativa política.
Falta de alternativas políticas
Quanto à falta de alternativas políticas
na linha de sucessão, por que não pensar então em novas eleições
gerais? De toda maneira, se trata mesmo do discurso que o governismo
organiza desde muito tempo, pela destruição das alternativas (em
outubro, destruiu a possibilidade de termos um segundo turno sem o PSDB). É fundamentalmente um discurso de medo. Mas lembremos: quando o Collor foi impedido, o PT não se preocupou com isso.
Lembremos também, o PT não se preocupou de leiloar o Rio de Janeiro em nome de seus projetos de poder: ao Garotinho antes e ao Cabral depois. Cunha é produto do governo do Garotinho e é parte estrutural do dispositivo político que faz funcionar o governismo. A “imoralidade” de Cunha é exatamente a mesma que a “imoralidade” do PT e do governo federal e também da oposição (que por isso fica quieta). Toda a representação está num impasse.
Por exemplo, Cunha é acusado de ter recebido R$ 52 milhões pela liberação de 3,5 bilhões do FGTS em investimentos no Porto Maravilha do Rio de Janeiro [5], várias vezes inaugurado pela Dilma (em maio de 2013, no MAR, logo antes que a cidade explodisse no levante de junho e agora mesmo em dezembro de 2015, no Museu do Amanhã,
no momento que a saúde pública do Rio de Janeiro e o Estado como um
todo estão implodindo). Trata-se de um projeto do Prefeito Eduardo Paes e na realidade “puxado” ativamente pela Globo (que levou R$ 56 milhões da Prefeitura para a gestão dos Museus – construídos com dinheiro público e entregues à gestão da Fundação Roberto Marinho [6]). O PT
está em primeira linha, não apenas como governo federal, mas também com
sua vice-prefeitura e a Secretaria Municipal de Habitação (onde o
secretário Jorge Bittar – da Mensagem ao Partido -
removia os pobres na própria área portuária). O PT também controla – na
cota do ex-ministro da Pesca (Luiz Sérgio [7]) - a presidência da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro [8]. As obras da zona portuária são executadas pelo oligopólio de sempre, as mesmas empreiteiras, Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia, reunidas no Consórcio Porto Novo [9].
Então, embora o marketing do PT adore transformar Cunha (como transformou o Levy)
no responsável isolado de todos os males e o governo numa vítima, o
fato é que – como escreveu um antropólogo em seu Twitter – o “PT é
co-mandante” dessas atividades do Cunha e pouco se importava (e nada se
importa) não apenas pela “moralidade” das operações, mas também das
consequências para as mulheres, os pobres, os índios, os pescadores, os
jovens. A questão, pois, continua a ser política, de uma luta política
que a sociedade quer fazer para refundar a representação como um todo e
o governismo quer interditar e manipular (como tentou pela negociação
com o próprio Cunha).
Para concluir, podemos enfatizar duas linhas de reflexão:
(1) O Rio é a
cidade-sede do regime de exploração predatória promovido e fomentado
pela coalizão de governo (não por acaso é também aqui que se mobiliza a
frente do PMDB pró-Dilma). Ou seja, é aqui no Rio que encontramos em todo seu esplendor a lógica cínica das coalizões que o PT montou: Garotinho, Eike, Picciani, Pezão, Cunha.
“Quanto à falta de alternativas políticas na linha de sucessão, por que não pensar então em novas eleições gerais?” |
(2) Precisamos desmontar a armadilha do discurso sobre a “peemedebização do PT”: parece uma crítica contundente, mas na realidade é uma justificativa, uma maneira de “jogar” para cima do PMDB um julgamento negativo que sempre – mesmo que seja lá no finalzinho – salva o PT. Ora, o autoritarismo de Dilma, a origem carioca da Lava Jato, os investimentos inúteis e megalomaníacos do Rio de Janeiro
(Porto de Sepetiba, Copa, Olimpíada, Submarino Nuclear, Polo
Petroquímico, Arco Metropolitano, Porto Maravilha, Metro, Teleférico),
tudo isso nos mostra que o PT é um problema igual ao PMDB e ao PSDB: seus projetos são os mesmos, desde 1995 e a criação - por César Maia - do Planejamento Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro e - por Fernando Henrique Cardoso
- do Conselho Federal pelas Ações Estratégicas no Rio de Janeiro: a
luta partidária nunca foi para a reformulação dos projetos em prol dos
interesses da mobilização democrática. Porto de Sepetiba, Copa da Fifa, Olimpíada, Arco Metropolitano, Porto Maravilha:
está tudo nos projetos elaborados por esses dois âmbitos que nada
tinham de democrático e ainda menos de popular; enquanto isso, a guerra
contra os pobres continua a todo vapor.
IHU On-Line - Em que aspectos o
contexto político do início de 2016 é diferente do contexto do início de
2015, ou é uma continuidade?
Giuseppe Cocco – O ano de 2016 será dominado por pelo menos três embates interligados: o processo de impeachment (que já comentamos); os desdobramentos da crise econômica (que comentarei respondendo à próxima pergunta); e a chegada em Brasília da Lava Jato. Como já disse, precisamos de uma análise materialista da Lava Jato e do tema mais geral da corrupção.
Giuseppe Cocco – O ano de 2016 será dominado por pelo menos três embates interligados: o processo de impeachment (que já comentamos); os desdobramentos da crise econômica (que comentarei respondendo à próxima pergunta); e a chegada em Brasília da Lava Jato. Como já disse, precisamos de uma análise materialista da Lava Jato e do tema mais geral da corrupção.
Não se trata de um problema moral, mas
de um problema político e econômico, de economia política: o que o
governismo defende? O governo popular ou o “modo Odebrecht de
governar”?! A Lava Jato não nos mostra apenas a repetição da tradicional
corrupção (“sempre se roubou”), mas algo novo, e isso em dois níveis.
Em primeiro lugar, o de junho de 2013
foi um levante democrático contra o consenso organizado em torno da
emergência da “nova classe média”. Foi um levante contra o modelo que no
Rio tinha (e ainda tem) a cidade-sede. Seus operadores são as
empreiteiras e seu modelo o “rico”: o Eike Batista. Ainda em abril de 2012, Dilma declarava: “Eike é ‘orgulho do Brasil’” [10]. Quem bancou o “orgulho” foi o BNDES: o Estado bancou o “rico” e o “rico” faliu: em 2010 as ações da OGX valiam R$ 23,27, quando saíram da Bolsa, em 30 de outubro de 2013, valiam apenas 13 centavos. A falência do “rico”
de sucesso, tratada por todo o mundo como um caso isolado, foi, ao
contrário, antecipada pelas manifestações de junho e ela mesma antecipou
a falência da política Brasil Maior como um todo. Vejam o que dizia o líder do governo no Senado (atual Ministro de Minas), Eduardo Braga
(PMDB) em abril de 2012: “Nós não conseguiremos construir esse PIB, se
uma série de ações não forem concluídas (...). Uma delas é baixar a taxa
de juros. Do outro lado, o programa Brasil Maior estabeleceu, em sua
segunda etapa, uma série de desonerações que estão em duas MPs (...).
Então, essa agenda é a agenda do país” [11] .
Antes de desmoronar na Bolsa de Valores, o modelo econômico de Lula e Dilma
desmoronou na sociedade e só vamos sair disso quando a sociedade for
capaz de afirmar outra trajetória: outros valores. Não é a Lava Jato
que determina a crise do crescimento, mas a debilidade do crescimento
apesar de um ciclo incrível de investimentos que explica a Lava Jato.
Estes investimentos sequer funcionam do ponto de vista da
“racionalidade” (ou seja, da “produtividade”) capitalista e a conta já
chegou, sem esperar pelas Olimpíadas, pela apoteose negativa do modelo Lula-Dilma. Pensemos no caso da militarização vergonhosa da favela da Maré para a Copa da Fifa:
a ocupação da Maré custou R$ 1,7 milhão por dia [12] ao longo de 15
meses (para que depois o Exercito saísse deixando tudo no mesmo
patamar), ou seja, algo como R$ 700 milhões, mais do que o dobro do que a
Prefeitura investiu em uma área que precisaria de um verdadeiro Plano Marshall.
“Não é a Lava Jato que determina a crise do crescimento, mas a debilidade do crescimento apesar de um ciclo incrível de investimentos que explica a Lava Jato” |
Lava Jato
Mas há uma segunda dimensão, ainda mais importante, que a Lava Jato nos mostra: a dimensão sistêmica e generalizada da corrupção é, na realidade, parte consistente do modo de inserção – com propaganda do Lula e gestão “das” Odebrecht
– do Brasil na economia globalizada. A corrupção é hoje um mecanismo
fundamental de extração de lucros excepcionais do mesmo tipo que
empresas como a Zara procuram pela exploração do trabalho escravo no Brasil ou em Bangladesh. Como bem escreveu Alexandre Mendes
[13], há uma correlação direta e funcional entre o trabalho
quase-escravo e as megaobras: como no caso da barragem de Jirau (e por
causa disso da revolta operária de 2012 que antecipou junho e o ministro
Gilberto Carvalho na época qualificou de banditismo) ou nas obras das Olímpiadas [14].
O capitalismo contemporâneo
contém uma dimensão predatória da qual a corrupção e a guerra aos
pobres são duas dimensões estruturais, assim como o vemos nos Estados Unidos, mas também na Rússia e na China ou nos negócios entre polícias e milícias nas favelas e periferias brasileiras. São esses “negócios” que aparecem na Lava Jato: a compra da refinaria de Pasadena nos Estados Unidos, as obras no Peru, as operações em Portugal, na África e por aí vai.
O que a Lava Jato mostra é o que a
multidão já sabia e afirmou em junho: que o modelo pós-colonial de
desenvolvimento do PT apenas hibridiza aquele neocolonial do PMDB (como não lembrar que é o PP de Maluf e da ditadura
que conquistou a taça do maior número de deputados investigados pela
Lava Jato) e, em nome do intervencionismo, assistimos à construção
oligárquica de um mercado oligopolista (de Global Players escolhidos pelo BNDES de maneira sigilosa) que precisa se alimentar de lucros extraordinários... até quebrar.
A tibieza da oposição tucana está no fato de ser parte desse mesmo modelo de exploração (sobre isso ver o artigo de fôlego de Bruno Cava) [15]. O que é esse oligopólio? Pegamos a Odebrecht
e a cidade-sede desse modelo oligárquico de exploração predatória do
trabalho e do comum: encontraremos (em parceria com as outras grandes
envolvidas nos escândalos da Petrobras) a empreiteira em praticamente todas as grandes obras e quase todas bancadas por dinheiro público (do BNDES, da CEF): o arco metropolitano [16], o aeroporto internacional Galeão (o dinheiro da compra da própria concessão pela Odebrecht e da obra é todo do BNDES), o Porto Maravilha,
a obra do Maracanã para a Copa, a construção da linha 4 do metrô (só
ficou de fora a Cidade Olímpica, que é construída pela tradicional
empresa “dona” da Barra da Tijuca, a Carvalho Hosken, cujo proprietário declarou recentemente que o bairro não é para pobres [17]). As obras do PAC eram quase todas entregues à empresa de Fernando Cavendish, a Delta, ligada ao bicheiro Cachoeira (o mesmo do caso Waldomiro Diniz, do primeiro escândalo envolvendo o então ministro da Casa Civil), sem que se esqueça o jatinho do Eike onde viajavam empreiteiro e governador e a dança dos guardanapos em Paris [18].
Em um belo e atualíssimo livro sobre as “guerras imperiais”, Alain Joxe
escreveu: “Para os membros da classe rentista global, o que ainda se
chama de ‘corrupção e conflito de interesses’ são (...) modalidades
técnicas legítimas e eles se espantam, pois, que processos de instrução
ainda sejam abertos em torno de negócios que eles vivenciam como
perfeitamente normais”. Lula, Palocci, Paes, Cunha e
Cia se sentem como novos managers, novos ricos, novos Eike desses mesmos
negócios... predatórios que na realidade são parte de uma nova
acumulação originária, dessa vez dentro do padrão hegemônico do
capitalismo financeiro: por isso, uma década de aplicação desse modelo
não afastou o Brasil da dominação financeira e neoliberal, mas a
aprofundou dramaticamente. O nacional-desenvolvimentismo se diz
democrático, mas só pensa como horizonte a soberania e como motor da
política, o Estado, e o Estado é esse daí: dos Cunha, Maluf, Sarney, Paes... agora do PT junto e igual ao PMDB.
É por isso que o PT passa indiferentemente da demagogia desenvolvimentista ao mais violento ajuste ultraneoliberal. Seu “projeto” não tem conteúdo, a não ser surfar nessa onda sem querer minimamente transformá-la. Até junho de 2013
podíamos ter dúvidas sobre a falta de bases sociais para apoiar um
aprofundamento reformista. Em junho, só cego não viu que o PT era o
partido da ordem e pela ordem, do valor desse novo regime de exploração,
do qual ele quer participar, mas não quer por nada transformar.
Novo regime de exploração
Estamos dentro de um novo regime de
exploração que se organiza, por um lado, pela procura de lucros
excepcionais produzidos pela corrupção e, pelo outro, por um controle
oligopolista do “mercado” e tendencialmente autoritário do trabalho. O capital é hoje controlado por uma classe predadora e oligárquica de rentistas da qual passaram a fazer parte os burocratas cinzas do lulismo:
“Muitos funcionários das burocracias de Estado se acostumaram a que as
leis sejam redigidas pelos lobistas.” [19]. Qual é a figura fundamental
da Lava Jato senão o tal de lobista? No dia 5 de dezembro de 2015, ainda no meio da onda de choque da lama tóxica da Vale em Mariana (MG), não lemos nos jornais que o “novo código de mineração foi escrito no computador de advogado de mineradoras”?
[20]. Os ministros viram lobistas e os lobistas viram diretamente
ministros, governadores, secretários: eis o governador de Minas fazendo
coletiva de imprensa na sede da empresa responsável pelo desastre. A
ministra da Agricultura pedindo empenho contra preconceito no uso de
agroquímicos (quer dizer os agrotóxicos que empestam nossas mesas).
Só que o levante de junho destituiu o consenso e abriu o caminho à Lava Jato. Esta operação (claramente inspirada na operação italiana Mani pulite [21]), além de se alimentar por uma dinâmica republicana que o próprio PT
fomentou, tem como base social também todo o tecido empreendedor que
necessariamente ficou excluído por essa oligarquia de novos ricos
predadores [22].
Então, para concluir, eu não acredito –
como acreditam o PT e a esquerda do PT – que o projeto republicano seja
suficiente para lutar contra a exploração e – por isso – não penso que a
Lava Jato vá mudar algo sozinha. A única luta eficaz contra a corrupção é aquela que vem junto da luta contra a exploração e isso passa pela radicalização democrática. Mas criticar a Lava Jato em nome desse regime de exploração predatória – aquela que assistimos com as remoções e militarizações de favelas, destruição de reservas indígenas, condições nos transportes coletivos – é imperdoável e, até agora, ineficaz.
Nosso desafio é de continuar trabalhando
na ou pela brecha democrática, na relação entre o destituinte e o
constituinte (por exemplo, as ocupações das escolas de São Paulo como novas assembleias constituintes, como escreveu Alexandre Mendes) e novas institucionalidades, inclusive novas formas de representação, aquilo que podemos enxergar na Espanha e que vai além do Podemos (como argumentam Bruno Cava e Sandra Arencón Beltrán [23]).
“O governismo não acredita na sociedade, mas somente no Estado e no capital (ou seja, nas hibridizações dos dois). Nesse horizonte, ele deverá necessariamente implementar as reformas que o 'mercado' quer” |
IHU On-Line - O que muda no
governo com a troca dos ministros da Fazenda? Quais são as linhas
centrais da política econômica a serem adotadas por Nelson Barbosa? Ao
assumir o cargo ele declarou que o maior desafio do Brasil é fiscal,
cuja solução só depende do governo, e reiterou também que somente com
estabilidade fiscal será possível ter crescimento sustentável. Nesse
sentido, a política a ser adotada por ele deve ser diferente da do
ex-ministro Levy?
Giuseppe Cocco – A entrada do Joaquim Levy foi um golpe – previsível - de Lula e Dilma.
E a saída também: passamos mais de ano (pois o ajuste começou em
novembro de 2014) com uma violentíssima política de austeridade
totalmente inútil. Ao passo que se empurrava a economia para uma recessão
brutal, liberou-se a farra do realismo tarifário (na contramão da queda
mundial do preço do petróleo). Tudo isso para nada, para reproduzir o
impasse em níveis maiores. Entramos em 2016 sem nenhuma perspectiva
definida.
A gestão de Nelson Barbosa
não tem como inventar muita coisa, não há muitas margens de manobra.
Para avançar, podemos propor duas linhas de reflexão: (1) voltar sobre o
modelo predador implementado por Lula-Dilma (que chamaremos do “modo
Odebrecht de governar”) e (2) avançar algumas hipóteses sobre a eventual
inflexão no Ministério da Fazenda (que de maneira alguma será uma
guinada à esquerda).
(1) De maneira geral, a política econômica de Lula-Dilma
é autoritária e desastrosa porque é fundamentalmente técnica e nisso
repete a dogmática neoliberal, sendo que a economia mainstream sabe –
mesmo que seja pelo avesso do que nós queremos – que a política fiscal e a política monetária
não se mudam por decretos, pois se fundam na confiança, ou seja, na
política, nas relações sociais: aquilo que o governo Dilma – depois de
junho - não tem (por isso o governo é uma fonte de crise). Sem que mudem
as relações sociais, não há como romper essa armadilha, ela reaparece
de outra forma.
Os economistas mainstream
(neoliberais) chamam isso de “fundamentos da economia” e com isso
entendem as reformas que o Estado tem que fazer e empurrar goela abaixo
para cima da sociedade.
Nós chamamos isso de dinâmicas
constituintes da sociedade (da democracia) que produz outros valores,
contra o Estado, pela paz. A recomposição da economia
com a política não se faz sem passar pelo social, pela mobilização da
sociedade. Essa é, aliás, a razão do desastre do ajuste que Dilma e Lula encomendaram ao Bradesco e que Levy tentou executar.
O controle da inflação dos preços deu ao Plano Real
uma base social; as políticas sociais e o freio às privatizações
legitimaram os dois governos Lula. Hoje não estamos em nenhuma dessas
condições: como cobrar sacrifícios depois de 13 anos de governo? Como
cobrar mobilização para manter um modelo de exploração predatório do
qual o ex-presidente virou um garoto de propaganda e a Presidente uma
gerente?
(2) Creio que a mudança do Ministério da Fazenda teve como divisor de água a prisão do senador Delcídio Amaral. Essa significou a impossibilidade de colocar – no curto prazo - a Lava Jato no forno de uma bela pizzaria. Se Dilma e Lula insistissem em manter a negociação com Cunha (sua saída da presidência sem cassação do mandato), o PT iria sofrer uma gigantesca sangria, com a saída de dezenas de parlamentares e dirigentes. Decidiram romper com Cunha
e assumiram como inevitável a perda do grau de investimento. Talvez
agora tentem tocar em duas teclas: aumentar a pressão fiscal e fazer a reforma da Previdência,
articulando os dois toques no tempo das eleições municipais. Por um
lado, no primeiro semestre, aumentar a arrecadação fiscal por meio da CPMF e eventualmente do Imposto sobre as Grandes Fortunas
(e outras medidas fiscais) e com isso o governismo continuará gritando à
“guinada à esquerda”, comemorando nesse caso também a vitória contra o
processo de impeachment; pelo outro lado, no dia
seguinte das eleições municipais, fariam a reforma da Previdência. O
governismo não acredita na sociedade, mas somente no Estado e no capital
(ou seja, nas hibridizações dos dois). Nesse horizonte, ele deverá
necessariamente implementar as reformas que o “mercado” quer.
O governismo não tem
muitas escolhas, mas ninguém sabe se vai funcionar: vão conseguir
articular a temporalidade das duas operações dentro do aprofundamento da
crise política e econômica? Somente se, por um lado, o hard power,
o grande capital, os bancos e a grande mídia, apoiar essa operação não
apenas no plano político mas também voltando a investir, e, pelo outro, a
sociedade não se mobilizar, e isso ninguém sabe. Além disso, há uma
outra variável imprevisível: a Lava Jato, que, a cada vez que parece esvaziar-se, volta com tudo.
Por Patricia Fachin
Notas:
[1] http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/economia/nacional/noticia/2016/01/03/nao-acredito-em-desenvolvimento-firmado-por-decreto-diz-mansueto-almeida-214955.php?utm_source=facebook (Nota do entrevistado)
[2] Uma bela leitura é o estudo de Evilásio Salvador http://www.inesc.org.br/noticias/biblioteca/publicacoes/livros/2015/renuncias-tributarias-os-impactos-no-financiamento-das-politicas-sociais-no-brasil. (Nota do entrevistado)
[3] http://www.cut.org.br/noticias/mauro-santayana-o-que-o-estado-brasileiro-ganha-financiando-as-multinacionais-df7c/. (Nota do entrevistado)
[4] http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2015-11-25/governo-estadual-quer-dar-subsidio-de-r-39-milhoes-a-supervia.html. (Nota do entrevistado)
[5] http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/12/exclusivo-eduardo-cunha-cobrou-r-52-mi-em-propina-para-liberar-dinheiro-do-fi-fgts-diz-pgr.html. (Nota do entrevistado)
[6] http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2015/12/fundacao-roberto-marinho-ganha-r-56-mi-da-prefeitura-para-gerir-museus-que-estavam-em-construcao-4022.html. (Nota do entrevistado)
[7] O extinto Ministério da Pesca é por sua vez objeto de investigação da Polícia Federal, vide http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/10/assessor-da-secretaria-da-pesca-e-preso-no-df-pela-policia-federal.html. (Nota do entrevistado)
[8] Vide http://portomaravilha.com.br/conteudo/contratos/aditivo4.pdf. (Nota do entrevistado)
[9] http://economia.ig.com.br/empresas/infraestrutura/consorcio-com-tres-empresas-vai-executar-obras-no-porto-do-rio/n1237812873154.html. (Nota do entrevistado)
[10] http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,dilma-diz-que-eike-e-orgulho-do-brasil-imp-,865908. (Nota do entrevistado)
[11] http://www.anetrans.com.br/component/content/article/5-destaque/1252-regime-de-contratacao-da-copa-sera-estendido-ao-pac-diz-lider-.html. (Nota do entrevistado)
[12] http://oglobo.globo.com/rio/presenca-de-militares-na-mare-custa-17-milhao-por-dia-12601748. (Nota do entrevistado)
[13] http://uninomade.net/tenda/ocupacoes-estudantis-novas-assembleias-constituintes-diante-da-crise-2/. (Nota do entrevistado)
[14] http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151130_rio_trabalho_escravo_fe_hb. (Nota do entrevistado)
[15] Podem os governos progressistas sobreviver ao próprio sucesso? http://www.quadradodosloucos.com.br/5106/podem-os-governos-progressistas-sobreviver-ao-proprio-sucesso. (Nota do entrevistado)
[16]
Antes dela era a Delta, do empresário Cavendish, amigo do governador
Sergio Cabral. A Delta tinha também o contrato de construção da
Transcarioca, que foi para a Andrade Gutierrez depois do escândalo dos
guardanapos. Sobre a Delta, vide http://www.ihu.unisinos.br/noticias/509042-qdeltafaznopaisoqueaprendeunorioqdizmarcelofreixo. (Nota do entrevistado)
[17] http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/995/noticias/carlos-carvalho-o-dono-da-barra-da-tijuca. (Nota do entrevistado)
[18] http://oglobo.globo.com/brasil/delta-suspeita-de-desviar-300-milhoes-por-meio-de-empresas-de-fachada-diz-pf-10211981. (Nota do entrevistado)
[19] Les guerres de l’Empire global, La Decouverte, Paris, 2012, p. 232. (Nota do entrevistado)
[20] http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151202_escritorio_mineradoras_codigo_mineracao_rs. (Nota do entrevistado)
[21]
Circula uma falácia sobre essa história: atribui-se à Mani Pulite a
chegada ao poder do Berlusconi quando na realidade o Berlusconi chegou
ao poder porque a esquerda tinha pacificado (reprimido) os movimentos
autônomos da década de 1970. Exatamente o que Dilma e Lula estão fazendo
desde junho, em parceria com Alckmin e Cabral. Não por acaso a Lei
Antiterrorismo que tipifica como tal os movimentos sociais é enviada por
Dilma e apoiada pelo Senador Nunes do PSDB de São Paulo. (Nota do
entrevistado)
[22]
Vide para isso a análise de Bruno Cava, Podem os governos progressistas
sobreviver ao próprio sucesso? (Nota do entrevistado)
[23] http://uninomade.net/tenda/foi-o-15m-que-salvou-o-podemos. (Nota do entrevistado)
Para ler mais:
Fonte: IHU
Nenhum comentário:
Postar um comentário