PICICA: "A falta de transparência da Funai, como se revelou nesse caso, no
qual apenas após a publicação da reportagem foi publicamente anunciado o
contato e os conflitos envolvidos, pode comprometer a defesa dos
direitos dos povos indígenas em um momento crítico como o atual."
As críticas dos sertanistas e indigenistas
Informado de um conflito violento e um processo de contato com um povo indígena isolado, tomei conhecimento de que uma crise interna na gestão da área de índios isolados e recente contato da Funai estaria agravando a situação e impedindo a condução de um processo de mediação e pacificação da região (e não necessariamente "pacificação" daqueles que vivem em isolamento voluntário).
A crise teve início, como é descrito na reportagem Guerra e Omissão na Amazônia, com a apresentação de dois grupos de sertanistas e indigenistas da Funai. Por esta razão, e com a intenção de ampliar o debate necessário na sociedade para que se avance na defesa dos direitos dos povos indígenas e no respeito a estes direitos também pelo Estado, que publico abaixo as duas cartas (clique ao lado para ler os documentos).
A primeira é de autoria de Sydney Possuelo e Wellington Figueiredo, datada de 27 de julho de 2015. A segunda é assinada por Altair Algayer, Antenor Vaz, Elias Bigio, Fabrício Amorim, Jair Candor, José Carlos dos Reis Meirelles, Marcelo dos Santos e Rieli Franciscato.
O Presidente da Funai, João Pedro da Costa, até o momento não emitiu nenhum posicionamento sobre as cartas que recebeu, o que poderia ter dirimido a crise interna e a sua relação com o processo de conflito e contato.
Foram procurados os indígenas, as entidades envolvidas, e diversos funcionários para darem a sua versão do conflito, onde verificou-se a necessidade urgente de maior atenção do governo federal.
A falta de transparência da Funai, como se revelou nesse caso, no qual apenas após a publicação da reportagem foi publicamente anunciado o contato e os conflitos envolvidos, pode comprometer a defesa dos direitos dos povos indígenas em um momento crítico como o atual.
Com isso, espero ter contribuído para que os povos indígenas se façam ouvidos, que situações de violências sejam mediadas e pacificadas, e que seus direitos sejam respeitados.
Fonte: Carta Capital
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